domingo, 7 de fevereiro de 2016

Os (poucos) prós e (muitos) contras de Jessica Jones


Por Davi Paiva


ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!!!


Em minha humilde opinião, a crise dos anos 90 foi uma das melhores coisas que aconteceu com a Marvel. Pois foi graças a este incidente que a empresa disponibilizou os direitos de imagens de seus personagens para as produtoras cinematográficas.


Claro que nem todas as produções foram sinônimos de sucesso. Os filmes “Demolidor – O Homem sem Medo” de 2003 e “Elektra” de 2005 não fizeram fama em bilheteria ou crítica e a 20th Century Fox desistiu de lançar novos filmes. Como os contratos determinam que as produtoras precisam lançar um filme a cada cinco anos ou os direitos voltam para a Marvel, Demolidor & Cia. voltaram a ter seus direitos assegurados pela Marvel. Esta, por sua vez, resolveu investir no ramo de seriados fazendo parceria com a Netflix.


Pôster de Jessica Jones da Netflix


A vantagem de ter um blog sem parcerias é não ter rabo preso para falar bem do que não gostar. E procuro aproveitar o espaço do Detonerds para fazer a minha crítica fundamentada do seriado “Jessica Jones”. Lembrando: essa opinião é a MINHA. Não precisa ser necessariamente a sua. Ok?

Então vamos lá.

Contras – O péssimo primeiro episódio inicial: já viu um seriado que começava de forma empolgante e já pensava “eu quero ver o segundo episódio”? O primeiro episódio não tem isso: falta ação, diálogos carismáticos e uma trama a ser resolvida. Em suma, um primeiro episódio enfadonho de uma série que procura se garantir no selo da Marvel.

Contras – A má atuação da atriz principal: confesso que ainda não vi a atuação da atriz Krysten Ritter na série “Breaking Bad”. Todavia, torço para que seja melhor que a sua atuação na produção da Netflix. A atriz principal tentou dar à heroína um ar de mulher durona que poderia viver na companhia dos personagens de “Velozes e Furiosos” e acabou criando um Dr. House contraditório, ora sendo antissocial e ora sendo um doce de pessoa com Luke Cage.


A atuação Krysten Ritter não é lá essas coisas


Contras – Personagens desnecessários: os irmãos que são vizinhos de Jessica Jones são tão inúteis que nem na Wikipedia você acha os nomes dos atores. E qual foi a função deles? Um morreu e a outra agiu como maluca a maior parte do tempo, gerando tanta empatia quanto a Tristeza de “Divertida Mente”.

Contras – “Mais para frente, eu explico”: esse não é um erro exclusivo deste seriado. Podemos vê-lo em “Arrow” ou até em “Demolidor”. Do que estou falando? Da falta de explicação dos poderes de Jessica ou quem ela está evitando e por que tanto receio. Terminamos a primeira temporada com a sua irmã adotiva investigando como ela ganhou seus poderes e fica a pergunta: se já demorou tanto para saber o motivo de seu temor... o que dirá a origem dos poderes.

Contras – Deus Ex Machina: Jessica fica imune ao poder de Killgrave depois de matar Reva. Como? Matar alguém faz um personagem superpoderoso ficar imune ao poder do vilão? E ela percebe isso só na fuga de Killgrave de sua cela. Um Deus Ex Machina é o pior erro que um escritor/roteirista pode fazer.


Contras – Excesso de cliffhangers: Jessica Jones é uma série de 13 episódios que poderiam ser resumidos em 8 ou menos. Mas era preciso prolongar: tentativa de sequestro de Killgrave? Falha. Mantê-lo preso? Falha. Seguir uma das suas vítimas? Falha. O que isso gera: insatisfação em ver que a narrativa é estendida para vender e não para ser boa. Parece desenho japonês...

Contras – Final sem clímax: apesar do confronto de Jessica com policiais, impedir que os civis matassem uns aos outros e ainda tentar salvar a irmã adotiva, achei o final fraco. Segurar o vilão pela boca e quebrar o seu pescoço? Só isso para um sujeito que escravizou, molestou e obrigou uma personagem com superforça a matar gente inocente? Fraco. Se havia ira, ela devia ser extravasada. Seria mais emocionante.

Contras – O receio de falar o nome dos personagens de “Os Vingadores”: qual é o problema em chamar o Hulk de Hulk ou o Capitão América de Capitão América? Precisam mesmo falar “o cara verde” ou “o cara com a bandeira no peito”? Se as narrativas dos seriados se passam no mesmo mundo, por que não chamar os heróis que aparecem nos cinemas pelos seus codinomes? Qual é o problema? Isso gera um distanciamento de produções.

Apesar de todas as críticas negativas, reconheço os pontos fortes da série. E são estes:

Prós – Alguns atores excelentes: se por um lado temos a atriz principal com a profundidade de um pires e atuações medianas (como Carrie-Anne “Trinity” Moss), do outro temos interpretações excelentes. Mike Colter prova que é digno de atuar como Luke Cage mesmo com a contestação de fãs achando que o papel deveria ser do ator Terry Crews, intimidando pessoas com boas expressões e nos fazendo sentir a sua angústia pela perda da esposa. E o que dizer de David “Doctor Who” Tennant no papel de Killgrave? Não há elogios suficientes na língua portuguesa para descrever seu trabalho.


Mike Colter e David Tennant carregam a série nas costas


Prós – Inserção de mais personagens da Marvel: além de Luke Cage, temos a entrada de Will Simpson, vulgo vilão Bazuca, interpretado muito bem pelo ator Wil Traval. Seu desenvolvimento e virada na trama ficaram excelentes.

Prós – Crossovers discretos com a série “Demolidor”: as aparições de Royce Johnson e Rosario Downson em seus papeis da série “Demolidor” foram aquele toque de crossover que todos esperavam e (acredito que) gostaram. O policial Mahoney foi discreto ao passo que a enfermeira Claire não só foi de extrema ajuda como também teve boa química com a atriz principal.

Prós – Exploração do universo feminino: “Jessica Jones” é uma série que explora bem os aspectos femininos. Trish Walker, a irmã adotiva de Jessica, sofria abusos da mãe, Jeryn Hogarth é uma advogada que lida com um divórcio e sua ex-mulher quer tirar todos os seus bens (em uma só personagem, temos a relação homossexual e as dificuldades de uma separação. Incrível!) e Hope Schlottman tem que lidar com o crime que foi obrigada a cometer. Tudo isso são coisas que poderiam acontecer com homens. Fato. Todavia, mostrar óticas femininas de como lidar com estes problemas foi uma grande sacada. Mulheres merecem mais espaços nas séries.

Isso é tudo que eu tenho a dizer da primeira temporada. Espero que a segunda melhore e prefiro não acreditar que a Marvel investiu dinheiro e esforços para explicar a origem da personagem na produção do seriado Os Defensores tal qual usaram a produção do filme “Thor” para explicar a origem do personagem e não precisar gastar quarenta minutos de “Os Vingadores”.

Digo e repito: essas foram as minhas impressões a respeito do seriado. Concordar, comentar e interagir comigo não é obrigação de ninguém. Façam o que quiserem. Eu já escolhi não gostar. E vocês?


Obrigado a todos(as).









2 comentários:

  1. Concordando com tudo o que foi escrito em relação ao seriado de Jéssica Jones... No aguardo dá segunda temporada para ver as melhorias ou mais estragos.

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  2. Discordo de quase tudo que foi dito. Com relação a atuação da Kristen, acho que ela mandou bem sim. Conseguiu passar a ideia de uma personagem que é boa mas que pelo que passou é meio casca grossa. Não acho isso uma contradição. Esse negócio de deixar pra depois eu valorizo porque gosto de construções longas, a história ainda será explorada (e não são questões fundamentais para se entender a trama). Sobre o Killgrave, de fato roubou a cena, foi sensacional. A única critica que eu realmente concordo e me incomodou bastante foi o final. Ainda mais se comparado com o final do justiceiro, que ficou durante 13 episódios para fazer sua vingança e no fim faz da melhor maneira. Jessica Jones falhou nisso, ficou 13 episódios remoendo e no fim vira a cabeça do cara e já era. Poderia ter sido muito melhor esse final.

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