sábado, 16 de janeiro de 2016

Star Wars Episódio VII – O Despertar da Força



Por Davi Paiva

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!!!

Pôster do filme.


Para os fãs de Star Wars que começaram acompanhando a saga com “Uma Nova Esperança” em 1977, “O Império Contra-Ataca” em 1980 e “O Retorno de Jedi” 1983, os novos fãs formados com a exibição de “A Ameaça Fantasma” em 1999 eram um bando de modinhas assim como o filme em si era “desnecessário” e “uma mancha na história”.
A Lucasfilm e a 20th Century Fox não se importaram e continuaram com o projeto, produzindo “O Ataque dos Clones” em 2002 e “A Vingança dos Sith” em 2005. Com isso, o ciclo estava completo: entre 1977 e 1983 foram lançados os episódios IV, V e VI da saga e entre 1999 e 2005, I, II e III.
Por que isso?
Há várias teorias.


George Lucas, o criador.


Segundo George Lucas, criador, produtor e roteirista dos seis primeiros filmes, os três primeiros teriam mais efeitos especiais. Já outros especulam que ninguém ia ter saco para acompanhar uma saga de seis filmes nos anos 70 e 80. E também existem aqueles que creem que a marca precisa ser renovada ou relembrada para novas gerações. Ou vai me dizer que não assistiu a nenhuma produção refilmada ou revista, de “O Conde de Monte Cristo” a “Mad Max”?
Seja qual for a correta, assim que a Lucasfilm foi vendida para a Disney em 2012, Lucas deixou tudo a cargo da empresa de animação e foi curtir a vida com os seus milhões. E a Disney começou a “ressuscitar” a obra: livros, filmes e jogos criavam novos fãs e relembravam os antigos da jornada de Anakin e Luke Skywalker. Enquanto isso, a produção do episódio VII começava.
O público foi recebendo notícias através de trailers anunciados em abril e outubro de 2015, que agradavam e geravam especulações: quem era aquele rapaz no deserto? Quem era aquele Sith? Quem estava pilotando a Millenium Falcon?


J.J. Abrams, o diretor


Em 17 de dezembro de 2015, com direção de J.J. Abrams, Star Wars Episódio VII – O Despertar da Força estreou nos cinemas. Até o momento, sites de crítica como o Rotten Tomatoes avaliaram o filme positivamente apesar de um ou outro crítico não considerar a obra tão boa assim.
O que achei de vê-lo no cinema e o que achei do filme?
Continue lendo e descubra...

Conheci Star Wars quando o primeiro filme passou na TV aberta (SBT). Na época, estavam promovendo o filme II. Vi “Uma Nova Esperança” e li todas as revistas Superinteressante que eu tinha (colecionei entre 1998 e 1999), tomando spoilers como o parentesco de Luke e Anakin Skywalker. Assisti ao filme “O Ataque dos Clones” alugando a fita de vídeo. Fui ver “A Vingança dos Sith” no cinema, acompanhado de um vizinho. Sem a explosão das redes sociais e com baixo índice de acessos à internet na época, fiquei feliz em ver que tive que ir ao cinema para ter a resposta da pergunta “como Anakin Skywalker se tornou Darth Vader?”. Saí de lá feliz e vivi a minha vida jogando coisas relacionadas à franquia como “Angry Birds Star Wars” ou “Star Wars – Force Unleashed” ou até inspiradas na criação de Lucas, como a quadrilogia Eragon.
Assistir ao sétimo filme no Shopping Aricanduva acompanhado de meu sobrinho e meu primo foi uma experiência muito boa. Ver coisa nova na tela e saber que aquilo era novo para todos foi algo muito bom. Não é a mesma coisa de ir a um cinema para rever os outros filmes já lançados. O inédito estava ali. Era algo para vermos, avaliarmos e conversarmos a respeito. Vimos o jogador de futebol em atividade, não mais um vídeo do jogador atualmente aposentado.
Assim que os créditos começaram a ser exibidos, começamos a conversar sobre o que achamos. O que defini foram os seguintes detalhes:
Roteiro: o sétimo filme tem muitos aspectos semelhantes ao da produção de 1977. O filme começa com o grande vilão acuando um dos aliados da República? Confere. Um robô escapa e vai para um planeta com um deserto? Confere. Este robô possui informações importantes? Confere. Ele é encontrado por um personagem que se tornará um Jedi? Confere. Han Solo (Harrison Ford) está no filme? Confere. O Império possui uma arma destruidora de planetas? O personagem mais velho, sinônimo de experiência, é morto? Confere. Essa arma possui um ponto fraco, atingido por uma nave? Confere. Há combate com sabres de luz? Confere.
Se o filme é tão previsível e similar... o que nos atraiu nele?
A meu ver, foram os pontos de virada. Han Solo é um personagem muito querido e Harrison Ford é um nome que faz o filme vender. Matar o seu personagem foi uma jogada ousada e fez os fãs sentirem a dor de uma perda.
Outra coisa que também tornou o filme bom foi que o conceito da Jornada do Herói (conceito do mitólogo Joseph Campbell que todo personagem de uma narrativa passa por 12 estágios de transformação em seu caráter) foi aplicada em dois personagens (o que desconstrói a ideia do escritor Christopher Vogler no livro “A Jornada do Escritor”, que quando uma narrativa tem mais de um personagem como principal, um deles é o que mais sofrerá mudanças). Finn (John Boyega) e Rey (Daisy Ridley) mudam seus aspectos de vida bruscamente ao ponto do melhor crítico ter dificuldades em dizer quem mudou mais: o ex-Stormtropper que se alia à República ou a catadora de sucata que se torna Jedi?



Finn e Rey: a nova geração carrega o filme nas costas


Atuações e participações: se por um lado foi bom rever Luke (Mark Hamill), Leia (Carrie Fisher) e Han Solo, por outro foi ótimo ver rostos novos: além de Finn e Rey, tivemos Poe Dameron (Oscar Isaac) em aparições discretas e excelentes, deixando os fãs animados para verem-no em mais cenas no próximo filme.
Infelizmente nem tudo são flores. A primeira trilogia de Star Wars começou uma tradição que procuraram manter na segunda: ter um vilão icônico. Entre 1977 e 1983, três atores deram vida a Darth Vader (James Earl Jones na voz, Sebastian Lewis Shaw sem capacete e David Prowse para usar o traje. Mas não podemos descartar as outras contribuições: Bob Anderson para lutar ou Ben Burtt para fazer o efeito da respiração). E procuraram manter isso na segunda trilogia: Darth Maul (interpretado por Ray Park, gerando excelentes coreografias nas lutas) no episódio I, Conde Dookan (interpretado pelo excelente Christopher Lee) e Jango Fett (Temuera Morrison) no episódio II e a mente por trás de tudo... Palpatine, vulgo Darth Sidious (Ian McDiarmid) no episódio III.
Já no episódio VII, temos Kylo Ren (Adam Driver). Um Sith que impressiona nos minutos iniciais do filme parando um tiro de blaster desferido por Poe em uma cena espetacular... mas depois vai decaindo no gosto do público por ser tão indeciso entre o uso do capuz por cima do elmo ou não, tendo ataques de chilique destruindo maquinários e o que foi o mais decepcionante: tirando a máscara com frequência para revelar uma expressão apática e de dar dó! Creio que a intenção dos produtores foi criar um personagem para o público adolescente se identificar (rebelde que se revolta contra o pai), mas estamos falando de um Lorde Sith, que sucede o legado dos Darths Vader, Sidious e Maul. É como pegar um jogador de um time do interior e dar a ele a braçadeira de capitão do Barcelona.
Outro ponto ruim foi colocar Han Solo em cenas de ação. Era visível que o ator mal aguentava correr. Claro que Han era um personagem de ação que corre, pula, atira e bate nas pessoas. Mas senti um esforço além das capacidades de Ford. Podiam fazer como em “Mad Max”: o Immortan Joe não lutou e nem correu. Mas com boas falas e uma imagem intimidadora, se tornou um dos melhores vilões de 2015. Apesar de tudo, sua última cena redimiu essa “mancada”.


Kylo Ren e Han Solo: pequenos erros de um grande filme.

Apesar das poucas cenas de Poe e das más performances de Kylo Ren e Han Solo, o filme se salva com as atuações dos atores que interpretaram Finn e Rey: o primeiro entra como um sujeito arrependido e alívio cômico sutil (sem contar o seu grito de dor enfrentando Kylo Ren. Parecia real!) enquanto a segunda apresenta determinação e instinto de sobrevivência sem perder o carisma e a feminilidade. E juntos, formaram uma dupla que todos torcem para virar um casal.
Trilha sonora: como Star Wars se passa em outro mundo, não podemos esperar que toquem músicas dos Beastie Boys tal qual ocorre em Star Trek. Todavia, John Williams, o responsável pela trilha sonora, assegura a alma do filme com trilhas clássicas como a música de abertura ou a Marcha Imperial e novas, como a música do bar de Maz Kanata (Lupita Nyong’o).
Cenas de ação: com um Sith em formação e um ex-Stormtrooper, não podíamos esperar combates espetaculares tais quais os vistos nos episódios I e III. Fiquei até surpreso tanto por Finn resistir aos ataques de Kylo Ren e até acertar um ou dois golpes quanto pelo fato de Rey conseguir vencer o Sith sem nem um dia de treinamento. Até o Luke treinou um pouquinho na nave de Han Solo no episódio IV. Até brinquei com meu primo e meu sobrinho estabelecendo uma máxima: quanto mais velho o Jedi e menos tempo na Academia ele tiver, mas poderoso ele será (duvida? Veja as idades de Anakin e Luke...).
O que mais senti falta é de estilos de combate. Quando você lê livros como “O Caminho Jedi” e “O Livro dos Sith” (ambos de Daniel Wallace, publicados NO Brasil pela Bertrand Brasil), expõem que existem técnicas de manejo que diferenciam uns dos outros. E quando você vê os filmes, sente falta de um mínimo disso.

Apesar dos pontos levantados em caráter negativo, confesso que gostei do filme e estou ansioso para ver minhas dúvidas serem tiradas: quem é Snoke (Andy Serkis) e como ele se tornou líder da primeira ordem? Quem Rey esperava em Jakku? E o mais importante... vai rolar beijo entre Rey e Finn??? ;-P
Obrigado a todos(as) pela leitura. Que a Força esteja com vocês!


Star Wars VIII – Rogue One: esperamos por você!





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