domingo, 1 de maio de 2016

Por que vale a pena gostar do Capitão América?



Por Davi Paiva


Creio que a minha geração (nasci em 1987) foi uma das últimas a assistir aos comerciais do governo convocando jovens a servir no exército e que sonhava em ser soldado quando era criança. É algo mágico e difícil de explicar: o uniforme, o treinamento, a autoridade e a oportunidade de servir ao seu país.
Se já possível pensar/sonhar assim nos anos 80 e 90, o que dirá em 1940, durante a Segunda Guerra? Jack Kirby (1917 – 1994), editor, roteirista, desenhista e arte-finalista norte-americano, tinha 23 anos quando criou o personagem com o auxílio do artista norte-americano, Joe Simon (1913 – 2011), que por sua vez, tinha 27 anos. Em humilde opinião, mentes jovens e sonhadoras que viveram uma das épocas mais intensas da história ao mesmo tempo em que a indústria dos quadrinhos vivia seu auge, com a Era de Ouro (1938 – 1954).
Com tanta coisa acontecendo, quem não quer atuar nas duas esferas?


Captain America Comics #1, a primeira HQ do herói


E assim, em 1940, foi criada a narrativa de Steve Rogers. Um rapaz franzino de Nova York que queria servir no exército e acabar com a guerra a qualquer custo ao ponto de aceitar fazer parte do projeto que criaria o primeiro supersoldado. Apesar do sucesso que o transformou em um homem de força, velocidade e agilidade sobre-humanas além de um metabolismo acelerado (que alguns roteiristas usam para dizer que ele tenha resistência a dor ou até regeneração), o cientista que criou a fórmula foi morto e fez de Rogers o único a ter o poder. Com a ajuda do primeiro Tocha Humana, Centelha, Ciclone, Miss Marvel e Namor, o Capitão América entrou na luta contra os nazistas formando o Esquadrão Vitorioso (em outras versões, Rogers se une a Nick Fury e o Comando Selvagem).
As HQs do Capitão América fizeram muito sucesso até os anos 1950, onde supostamente, não havia mais guerras ou nazistas para confrontar. A Marvel decretou que o herói havia caído no gelo e ficado em animação suspensa até 1964, quando ele voltou à ativa e fez parte de um dos maiores grupos das HQs: Os Vingadores


The Avengers #4: a volta do herói


De lá para cá, o herói já passou por tudo: enfrentou neonazistas, organizações criminosas como a HIDRA ou I.M.A., confrontou inimigos do nível do Caveira Vermelha (sua antítese na Segunda Guerra) a Batroc, perdeu o soro do supersoldado e teve de se virar com uma armadura, viu os Vingadores se desmantelarem, comandou os super-heróis em batalhas como as Guerras Secretas e o Desafio do Infinito deixou de ser Capitão América por escolha do governo...
E por falar em governo, é incrível como um herói que carrega as cores da bandeira dos EUA em seu uniforme consegue ter tantos problemas com o governo americano! Como já foi dito, Steve já teve de deixar de ser o Capitão América (Capitão América Nunca Mais, de 1987 a 1989), bateu boca com generais corruptos (A Queda de Murdock, em 1985) e até se opôs a leis de registro de super-heróis (a famosa saga Guerra Civil, de 2006/7). Para aqueles que tenham aquele parente comunista que gosta de chamar o Capitão de “coxinha”, recomendo que indiquem estas sagas a eles...


Capitão América #151 – O herói americano contra os EUA


Claro que em todo esse tempo, tanto o Capitão América fez muitas amizades: Falcão, Homem-Aranha (que sempre teve muita admiração por ele), Justiceiro (que se recusa a lutar contra ele em Guerra Civil), Homem de Ferro, Thor, Professor Xavier... e mais que amizades: Viúva Negra, Feiticeira Escarlate, Sharon Carter/Agente 13 foram alguns De seus casos mais conhecidos.


 Capitão América e Sharon Carter: se um herói não tem tempo para
namorar, ele namora uma parceira.


Os mais veteranos no universo nerd já sabem que o Capitão é um personagem multimídia antes mesmo do filme de 2011: além dos filmes em 1979 e o de 1991, o Capitão já fez pontas em desenhos animados como X-Men Evolution e a série animada do Homem-Aranha de 1994. Já no mundo dos games, o Supersoldado está disponível desde Captain America in: The Doom Tube of Dr. Megalomann, em 1987.


Captain America in: The Doom Tube of Dr. Megalomann: estava aqui o tempo todo só você não viu...


Com tanta história para contar, creio, em humilde opinião, que esse é um dos motivos pelos quais mais vale a pena gostar do Capitão América: todos nós, jovens nerds, já fomos hostilizados por querermos alguma coisa (de ler uma HQ a ver um “filme de criança”, como são taxados os filmes de super-heróis) e tivemos sonhos de ajudar pessoas. Hoje, somos adultos e procuramos divulgar, fomentar e esclarecer as dúvidas sobre quem são os heróis por baixo das máscaras: ganhamos o poder, mas nunca tiramos os pés do chão. E é isso que vejo nas HQs, desenhos e filmes com atuação do Chris Evans: um homem que alcançou status desejados por muitos, mas nunca deixou de ser aquele rapaz franzino que só quer acabar com guerras e viver em um mundo de paz.


Chris “Capitão América” Evans: Tocha Humana é passado


Obrigado a todos(as).

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