terça-feira, 29 de março de 2016

Deadpool (filme): A Redenção de Ryan Reynolds



Por Davi Paiva

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!!!

A leva de filmes de super heróis fez com que várias pessoas os conhecessem. Fato. Por mais que isso gere reclamação dos que já eram fãs com argumentos ridículos como "agora herói X virou modinha...", nada é mais divertido que compartilhar com terceiros algo que você gosta, não é mesmo?
Infelizmente, nem toda produção ajudou a compartilharmos tal gosto. Para quem não acompanha as histórias de Wade Wilson desde sua criação em 1991, vê-lo pela primeira vez no filme X-Men Origens: Wolverine foi no mínimo... decepcionante. E ver o desastre da produção do filme de Lanterna Verde em 2011 deixou claro: até então, Ryan Reynolds não prestava para atuar em filmes de super heróis.


Logan, não olhe para trás: você vai se decepcionar...


Até então.
Deadpool foi a primeira grande estreia dos filmes de super heróis de 2016. Quebrou o recorde de bilheteria de filmes para maiores de 18 anos que pertencia à Cinquenta Tons de Cinza, teve boas notas no site Rotten Tomatoes (até o momento, mais de 80%) e atendeu às expectativas que foram sendo formadas desde o ano passado, com fotos, trailers e notícias.

Não é de hoje que tal produção era pensada. Na verdade, desde 2000 a produtora Artisan Entertainment, responsável por filmes como "Justiceiro" ou "Cães de Aluguel", já a negociava. Problemas não faltaram (dá falência da Artisan ao problema de um filme de super herói não ser para o público jovem, como é tradição) e só em 2009 a 20th Century Fox tirou a ideia da gaveta. Após escolha do elenco, definições de metas (quebra da quarta parede e público alvo), escolha do elenco, produção e efeitos... voilá!

Assisti ao filme no primeiro final de semana da estreia no Shopping Center 3. O que achei? Vamos por partes:

Atuação de Ryan Reynolds: apesar de este artigo dizer que Deadpool foi a redenção do ator, ainda podia se esperar mais. Nos quadrinhos, Wade Wilson já provocou figuras como Juggernaut e Hulk e viveu para contar história. Um ser tão intenso precisava de expressões mais “nicolascageanas” de loucura e comicidade. Reynolds fez um personagem engraçado. Porém, expressou até demais o seu medo de Wade morrer.




O que necessariamente não quer dizer que ele não tenha ido bem. Digo e repito: ele pagou pelos seus pecados e nos entregou o melhor Deadpool que pôde.
Demais atuações: não foram ruins. Embora Brianna Hildebrand tenha feito uma personagem sem sal, Morena Baccarin conseguiu fazer uma boa namorada e Stefan Kapičić (voz) criou um bom Colossus com o auxílio de Andre Tricoteux (captação de movimentos).




Quebra da quarta parede: ah, como eu adoro este recurso! A meu ver, foi muito bem explorado tanto pelos diálogos com o público quanto pelas piadas com a produtora (vide as cenas em que ele pergunta com qual ator que interpreta Charles Xavier ele vai conversar ou quando ele reclama que não houve dinheiro para contratar mais atores que interpretam os outros mutantes). Sem contar as referências à X-Men Origens e até mesmo Lanterna Verde. O melhor acerto.


Droga...esqueci a panela no fogo!


Cenas de luta: para uma pessoa tão analista como eu, ficaram um pouco exageradas (Deadpool dando piruetas em todos os seus pulos e defendendo golpes de machadinhas com... katanas?! Sem contar o soco que Colossus levou nos “países baixos” não ter arrancado nada dele, sendo que tal golpe o arremessou...), mas ainda quebram um galho.




Efeitos especiais: convincentes, embora pouco foi mostrado do fator de cura de Deadpool.

Piadas: não ri de nada como ri do Starlord em “Guardiões da Galáxia”. Em partes, reconheço que algumas foram legais por conta da quebra da quarta parede. Já outras foram um pouco mais tendenciosas para o público “hue br”, que não perde uma boa zoeira.

Figurino: mais fiel aos quadrinhos, impossível. Pena que só o de Deadpool fez essa façanha...




Roteiro: soou um pouco clichê. Wade Wilson é o resultado de uma experiência em que é torturado de forma dramática (senti agonia com aquela cena) e volta para acabar com a organização (alô? Jason Bourne?). Foi uma boa maneira de contornarem a ausência do Wolverine (nos quadrinhos, o fator de cura de Logan é inserido em Wade e causa a deformação), mas ainda assim, senti um ar sombrio que casa com o público maior de 18 anos e não casa com um personagem que é tido como tão engraçado. Resumindo, foi um Lobo da Marvel.


Você não sabe o que te espera Sr.Wilson (cruzes)


Final: o herói mata o vilão e fica com a mulher, mesmo continuando deformado. Mais clichê, impossível. Só uma trilha sonora de George Michael com o Ryan Reynolds cantando para dar um ar mais “deadpooliano”...




Depois de tudo, creio que Deadpool não foi uma produção ruim... para a Fox. Depois de 3 filmes do X-Men descendo a ladeira, um X-Men Origens horrível (nem vi Wolverine Imortal), um Primeira Classe e um Dias de Um Futuro Esquecido todo voltado para a fama da Jennifer Lawrence, creio que esta foi uma boa produção para a odiada produtora que não abre mão da franquia e não faz questão se X-Men ou Quarteto estarão enfrentando Thanos ou não. Foi um bom filme, mas não é um dos meus preferidos.

Obrigado a todos(as).

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