Por Davi Paiva
As biografias, diários e autobiografias são subestimadas por muitos leitores que as consideram como um subgênero da autoajuda (como se existisse algum problema com livros de autoajuda), céticos que beiram ao negacionismo e leitores de gêneros mais populares atualmente, como obras de fantasia e romances.
O que é uma pena, pois além de ajudarem com o básico disponível em qualquer outra leitura (exercer a prática da leitura, ampliar o vocabulário, estimular a memória, ser uma atividade relaxante, etc.) as biografias exigem uma vasta pesquisa de livros, sites, documentários, artigos em jornais e revistas, arquivos policiais e judiciários e ainda entrevistar pessoas ligadas ao biografado, o que as tornam uma ótima fonte de verdades sobre a vida de uma pessoa ou ajudam a desmentir boatos populares: ou você acha que Martin Luther King traía a esposa, como dizem? Ou que Hélio Gracie foi o primeiro da família a praticar Jiu-Jitsu? Ou crê que a vida de Eugene Allen foi exatamente como retratada no filme “O Mordomo da Casa Branca”? Tudo isso pode ser confirmado com uma boa leitura (mas já adianto: a resposta das três perguntas é “não”).
As biografias também servem para você confirmar se aquela conhecida pessoa do ramo no qual você tem interesse é plenamente digna de sua admiração, se pode ser reconhecida apenas como um bom profissional enquanto sua vida pessoal era merecedora de qualquer crítica (e o oposto também é válido) ou está longe de merecer qualquer glamour. Para a minha sorte, nunca passei pelo último caso citado. Já nos dois primeiros, respectivamente, senti isso com Ayrton Senna e James Brown...
E por último, as biografias são um ótimo registro da época e do local em que uma pessoa viveu. Um biografado não vive em um mundo fantástico, não possui poderes sobrenaturais, não é portador de nenhum artefato mágico ou sua vida não é resumida a um tórrido romance. Você poderia ser como cada pessoa em cada biografia já escrita no mundo, caso tivesse vivido no mesmo lugar, na mesma época e tomado as mesmas decisões.
Portanto, se não leu nenhuma biografia até hoje, recomendo que leia. E caso já tenha lido e gostado, faça a indicação a um parente ou amigo que goste de ler e ajude a disseminar um gênero tão pouco explorado na literatura popular e com um universo tão rico de conhecimento.
Se não souber por onde começar, recomendo as seguintes obras:
O Diário de Anne Frank
- Autora: Anne Frank.
- Editora: várias.
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Anne Frank era uma garota judia que passou os últimos anos de vida se escondendo em uma empresa com a família durante a Segunda Guerra Mundial. Seu diário escrito durante tal época é um dos livros mais influentes na luta contra o nazismo.
A Autobiografia de Martin Luther King
- Autor: Clayborne Carson (org.)
- Editora: Zahar.
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Fala a jornada de um dos mais famosos ícones na luta pelos direitos dos negros nos EUA e ganhador do Nobel da Paz até seus últimos dias de vida.
Malcolm X – Uma Vida de Reinvenções
- Autor: Manning Marable.
- Editora: Companhia das Letras.
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Se por um lado Martin Luther King teve uma vida construída com apoio familiar e fé cristã, Malcolm Little só foi se tornar Malcolm X quando conheceu a Nação do Islã na cadeia. E ao sair de lá, também se tornou ativista pelo direito dos negros, mas com métodos bem diferentes de King. Vale a pena conhecer a jornada deste ícone na luta pelos direitos dos negros nos EUA.
O Quarto de Despejo
- Autora: Carolina de Jesus.
- Editora: Ática.
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Carolina de Jesus era uma catadora de papel que sustentava três filhos e um barraco na favela com o esforço de seu trabalho. Em poucos momentos livres, gostava de ler ou escrever em um diário que se tornou um dos relatos mais fortes do que é a vida em uma periferia.
O Voo da Bailarina
- Autora: Michaela Deprince.
- Editora: Best Seller.
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Michaela Deprince nasceu em Serra Leoa e após a morte dos pais, foi colocada em um orfanato onde seu único momento de felicidade foi encontrar a foto de uma bailarina em uma revista. Ao ser adotada por um casal estadunidense, revelou que tinha o sonho de ser bailarina. E para isso, teve que lidar com o preconceito tanto pela sua cor quanto pelo fato de ser portadora de vitiligo. Uma incrível história de superação.
Sinto-me Só
- Autor: Karl Taro Greenfeld.
- Editora: Planeta.
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Conta vida do autor e seu relacionamento com o seu irmão mais novo, Noah, diagnosticado com grau elevado de autismo, bem como a vida de seus pais com os filhos e a luta na busca por um tratamento em uma época em que ainda não haviam muitos estudos.
Eu Sou Malala
- Autor: Christina Lamb.
- Editora: Companhia das Letras.
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Malala é uma garota nascida no Paquistão que queria ter o direito de estudar. Sua vida quase foi encerrada de forma precoce em uma tentativa de assassinato em um ônibus. Mas ela sobreviveu e hoje é um exemplo de luta contra o autoritarismo.
Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada, Prostituída...
- Autores: Kai Herman e Horst Rieck.
- Editora: Best Seller.
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Christiane Vera Felscherrinow nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 1962. Ainda pré-adolescente, conheceu as bebidas alcoólicas, depois a maconha e por último a heroína. Seus relatos passando por diversas em clínicas de recuperação e recaídas, bem como textos complementares com depoimentos de especialistas da área, mostram que a vida de um usuário de drogas não é só uma questão de segurança pública como também de saúde.
Sobrevivi... Posso Contar
- Autor: Maria da Penha.
- Editora: Armazém da Cultura.
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Maria da Penha era uma farmacêutica que teria uma vida comum se não fosse por um detalhe: o relacionamento abusivo com o seu ex-marido, Marco Antônio, que lhe submetia a todos os tipos possíveis de maus tratos e até tentou lhe matar duas vezes. Foi através de muita luta que ela conseguiu se separar, incriminar e condenar o seu agressor, levando a criação da lei que leva o seu nome.
Onze Anéis – A Alma do Sucesso
- Autor: Phil Jackson e Hugh Delehanty.
- Editora: Rocco.
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Todos os integrantes de uma equipe de basquete ganham um anel quando vencem uma edição da NBA. E o nome do livro faz a referência a quantos anéis Phil Jackson ganhou: um como jogador e dez anéis como técnico, comandando equipes famosas como o Chicago Bulls na era Jordan e Lakers na era de Kobe Bryant. Mas claro que tais resultados não foram obtidos apenas com a presença de tais astros. Em “Onze Anéis”, vemos como Jackson foi um líder que serve de exemplo para muitos outros que ocupam cargos de chefia.
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