Por Davi Paiva
ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!
A ideia era muito boa. Aproveitar a leva de filmes de super-heróis da Marvel e DC e investir na produção de um filme de um super-herói brasileiro criado por Luciano Cunha e publicado pela Redbox Editora.
A produção da Paris Filmes e Dowtown Filmes estreou em novembro deste ano, apesar de algumas prorrogações. Teve críticas positivas em alguns sites e foi bem comentado pela mídia nerd.
Como quase todo filme brasileiro, eu o vi em uma sala sem muito público. O que já mostra a falta de interesse do povo em apoiar uma obra nacional (depois dizem “Brasil acima de tudo”...) ou a falta de marketing.
E o que achei? Vejamos...
Elenco: fraco. Kiko Pissolato tem a profundidade de um pires e não sabe fazer outra expressão senão a de quem comprime os lábios e tenta chorar. Os vilões são até interessantes (Marília Gabriela? Eu não esperava...), mas não têm chance de brilhar perante um justiceiro mascarado que atira pelas costas ou de longa distância.
Os atores restantes não têm muito diferencial. São sempre rasos. As participações especiais dos atores Eduardo Moscovis e Helena Ranaldi prejudicam ainda mais o elenco, pois fica nítida a diferença entre atuar e se esforçar para tentar atuar.
Direção: além do excesso de câmeras panorâmicas, é uma versão brasileira do Zack Snyder pelas câmeras lentas para ressaltar um pulo e uma pirueta (?!) além de focar várias vezes no copo do Rei do Mate. Sem contar que com um ator ruim no papel principal, a direção de Gustavo Bonafé o torna ainda pior...
Trilha sonora: pirei quando toca “Black Hole Sun”, mas detestei a música seguinte. Pudera! O que podia ser esperado do iPod de uma garotinha? E aliás: essa história de “o personagem ouve uma música e ela é também é trilha sonora do filme” já está bem manjada, não acham? Já tivemos isso em “Guardiões da Galáxia”, “Deadpool” e “Baby Driver”. Agora a moda chegou ao Brasil...
Roteiro: oportunista. Um policial perde a filha por conta de uma bala perdida que o hospital público não pôde socorrer e ele está, coincidentemente, em frente a um protesto na sede do governo estadual onde, também coincidentemente, está o governador acusado de desvio de verba da área da saúde. O tal policial participa do protesto e, por mera coincidência, jogam a ele a máscara de gás que ele usa para proteger a sua identidade secreta. E com tal item e a roupa do corpo, ele consegue invadir a sede e matar o governador de tanta pancada.
Mais para frente ele consegue a ajuda de uma hacker que colabora em sua caçada e a mesma é sequestrada obrigando o vigilante a matar uma política inocente em um debate na TV (quanta incoerência!).
A cena do confronto do Doutrinador com o seu amigo, um policial que o investigava, é uma das melhores do filme. Infelizmente ela não é um indício que as coisas vão melhorar, pois após um treinamento na cadeia, o vigilante consegue escapar e explodir o Palácio do Planalto, em Brasília.
A hacker? Conseguiu matar o sequestrador com uma lâmpada...
*
Pode ser que este filme enterre o gênero de super-heróis brasileiros (sim. Temos alguns. Capitão Sete, Escorpião, Judoca e outros) ou pode ser que o faturamento e a crítica ajudem a produzir outros filmes.
Até lá, é isso que temos para hoje. Um filme que pode valer a pena ser visto, mas dificilmente será revisto.
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