domingo, 17 de maio de 2020

Star Wars IX - A Ascensão Skywalker (poxa, JJ!)



Por Davi Paiva

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!!!

Escrever este artigo não é fácil para mim. Amo “Star Wars” desde que vi uma maratona no SBT com todos os filmes antes da estreia de “O Ataque dos Clones”. Fui ver “A Vingança dos Sith” no cinema antes da explosão da internet para finalmente entender o que aconteceu com Anakin Skywalker para o mesmo se tornar Darth Vader. E consumi o que pude dentro da minha vida de nerd pobre em termos de outras mídias. Um jogo aqui, um livro ali, uma reportagem cá, um podcast acolá...

A aquisição da Lucasfilm pela Disney gerou grandes expectativas. Teríamos os atores queridinhos da Disney em algum momento? Teríamos canções sendo cantadas? O quanto da obra clássica e a prequel seriam canonizados?

Vi o filme “O Despertar da Força” nos cinemas e saí de lá maluco, vi “Rogue One” e só passei a gostar mais dele depois de ouvir muitas opiniões, saí do cinema ligeiramente decepcionado com “Os Últimos Jedi” e deixei para ver o filme do Han Solo em casa (e não me arrependi).

E sobre “A Ascensão Skywalker”, o que dizer?

Primeiro: esse filme carrega toda a falta de planejamento que a Marvel tem de sobra com Kevin Feige.

Segundo: o episódio IX filme tem sérios problemas de roteiro e direção quando o assunto é manter a coerência entre os filmes anteriores. JJ Abrams cria diversas expectativas no filme VII e Rian Johnson joga tudo por água abaixo no filme seguinte tal qual Luke Skywalker desprezando um sabre de luz.

Terceiro: a produção também não teve sorte com fatores externos. Gerar expectativas que ninguém imagina como serão atendidas da mesma forma e no mesmo ano de lançamento de “Vingadores Ultimato” resultou em uma pressão enorme para JJ Abrams, que retornava ao comando da franquia sem contar com a presença de uma das atrizes mais importantes da obra, que era Carrie Fisher.

O que tudo isso gerou?

Um filme que não se liga com o que “Star Wars” sempre foi.

Gosto muito da definição que o Jovem Nerd dá aos filmes. Ele os classifica em dois tipos: “Rebeldes fogem” ou “Rebeldes atacam”.

Duvidam? Vejam só como fica:

• Episódio IV? Rebeldes atacam a Estrela da Morte.
• Episódio V? Rebeldes fogem do Império.
• Episódio VI? Rebeldes atacam (e derrotam) o Império.
• Episódios I e II? Rebeldes correm quase filme inteiro e só atacam no final.
• Episódio III? Rebeldes atacando até serem surpreendidos com a Ordem 66.
• Episódio VII? Rebeldes atacam no final.
• Episódio VIII? Totalmente Rebeldes correndo sem parar.
• Rogue One? Um verdadeiro filme de assalto.
• Han Solo? Vocês chamam aquilo de filme?!

Por isso esse filme já começa de forma complicada porque não sabe exatamente qual é o seu propósito: os Rebeldes vão atacar? Atacar o quê? Ou vão fugir? E vão fugir de quem?

Depois ele não leva em consideração o trabalho dos filmes mais antigos. A coisa mais importante de Vader em “O Retorno de Jedi” é ele matar o Imperador para salvar o filho.

Mas ao que parece, logo de cara, sabemos que a voz que ecoa no trailer e que ecoou pela galáxia é de Palpatine.

Certo?
Errado!

Este é mais um defeito que pondero em “A Ascensão Skywalker”. Todos agora seguem a escola de JK Rowling e criam obras incompletas para depois preencher lacunas com entrevistas, postagens em Twitter ou no caso de SW, maiores informações em adaptações literárias de seus filmes ou até HQs. E nada é mais decepcionante do que saber por fora que aquele Palpatine era apenas um clone, o nome e função dos Cavaleiros da Ordem de Ren, etc.

“Nada é mais decepcionante?”, penso enquanto escrevo este artigo.

E eu pondero que o buraco pode ser mais embaixo.

Kylo Ren buscando a fonte do áudio só serve para nos mostrar onde o trio principal também irá. Então aquela sensação maravilhosa de descobrir um novo cenário ao mesmo tempo em que os protagonistas é jogada no lixo. E lá temos a informação (ou decepção, se quiserem) que Snoke era apenas uma marionete de Palpatine e que o mesmo quer que Rey seja morta.

Um grupo inteiro de Rebeldes (e como o grupo cresceu, hein? Mal cabiam na Millenium Falcon no filme anterior) e quem fica responsável pela caçada dos itens que levarão a encontrar a base do Imperador? Somente Rey, Finn e Poe, que agora vivem uma tensão sexual intensa que ficamos torcendo para ser resolvida com o estabelecimento de um poliamor.

Essa busca leva o trio ao deserto encontrar um Lando que aparece como quem diz “olhem eu aqui” e depois a uma aventura pelo deserto onde cair em uma areia movediça para encontrar uma adaga que fará toda a diferença na trama soa tão forçado que nem um universo com a Força isso é aceito. Sem contar Rey exibindo uma habilidade de cura apenas para não criar um Deus Ex Machina mais para frente.

Ao saírem de lá, temos algumas coisas nesse filme que vão se repetir na obra: Rey enfrenta Kylo Ren e uma cena extremamente tensa (aquele cabo de guerra puxando a nave onde o Chewbacca supostamente está explode, causando comoção entre os personagens) acontece.

De lá, mais uma cena tensa: C3PO precisará ser formatado e perderá todas as suas lembranças. E seu ato final é olhar pela última vez para o rosto de seus amigos.

Triste?
Sim.

Gerou impacto na obra.
Não.

E prefiro pular mais descrições para ir direto a uma cena que me gerou muito aborrecimento: Rey encontra o último holocron.

O que me aborreceu nessa cena: o contorno da adaga que ela achou em um tremendo golpe de sorte forma o contorno de uma nave caída, revelando a localização do artefato. E para a sorte de Rey, ela está exatamente no lugar certo para enxergar isso. Que incrível!

E lá dentro da nave caída, a imagem de uma Rey Sith que gerou muitas especulações em trailers... era só uma ilusão! Real mesmo é só a luta dela e de Kylo Ren, que termina quase com a morte do antagonista, se não fosse por Rey aplicar a sua cura nele.


Esta é a minha expressão vendo o filme. E ainda estou tão indignado que esta também será a única foto do artigo, além da foto de capa.


Rey parte para o planeta do clone de Palpatine (creio que nessa parte ela já tem ciência que é neta dele. Pelo amor! Alguém consegue imaginar o Palpatine sendo pai para depois ser avô? Que família bizarra seria essa?) e temos a mudança de planos: agora Palpatine quer tomar o controle de Rey enquanto Ben Solo (que havia deixado toda a sua vilania de lado para ser bonzinho depois de falar com o fantasma de seu pai graças à ajuda de sua mãe. Que maneira horrível de matar a Leya...) tem que enfrentar os seus “minions” e os Rebeldes precisam enfrentar a frota de naves Sith de Palpatine-clone.

E sinceramente, não tenho nem como descrever esse resto. Lando dando uma de Falcão com “olhem para a esquerda que eu trouxe reforços”, Ben Solo obtendo um sabre de luz para enfrentar os Cavaleiros de Ren (se não fosse por Rey, ele teria que ir no soco!), Rey se tornando um Avatar de todos os Jedi que derrota um Palpatine-clone metido a Pikachu... e um ridículo selinho entre ela e Ben, que aprendeu a curar com ela, porém, não deve ter aprendido a sobreviver...

Final: todo mundo se abraçando, um cara abraça um verme porque não tinha nenhum humanoide e um beijo entre duas mulheres só para dizer que “Star Wars” é sobre diversidade e Rey indo morar em Tatooine assumindo um sobrenome...

Demorei muito para escrever este texto porque eu queria ter gostado do filme. De verdade. O episódio IX veio no mesmo ano do fim de “Game of Thrones” e do lançamento de “Vingadores – Ultimato”, que significava que três franquias que eu amo iam ter fases encerradas em 2019.

Saga da Marvel? Amei.

Saga de Westeros? Eu queria ter gostado.

Saga da obra máxima de George Lucas, aos cuidados da Disney? Eu queria que fosse bom, para tirar o gosto amargo que ficou do final de GoT.

Mas infelizmente, não deu.

Sem mais.

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