Por Davi Paiva
ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!!!
Ah, Homem-Aranha...
Quantas coisas você passou desde a sua criação, tanto como personagem quanto como produto... e tanto nos quadrinhos quanto fora dele...
No cinema, você foi comprado pela Sony para a produção de três filmes dirigidos por Sam Raimi: um bom em 2002, um ótimo em 2004 e um péssimo em 2007...
Depois veio Marc Webb para dirigir dois filmes em um reboot: um em 2012 e outro de 2014...
O fracasso do segundo filme levou até a Sony a reconhecer que as coisas não andavam bem. O que acarretou no cancelamento de “O Espetacular Homem-Aranha 3”...
E eis que você, meu caro super-herói, voltou para casa como um cão arrependido em “Capitão América – Guerra Civil”...
Para depois, ter o seu filme solo!
Assisti ao filme no bom e velho Center 3, na companhia da minha namorada e de seus amigos.
O que achei? Vejamos...
Elenco: a cada dia que passa, fico mais pasmo em ver como a comunidade nerd é preconceituosa!
Muitos fãs parecem que não se tocaram até hoje que muitos dos personagens mais populares foram criados nos anos 40 a 80, época na qual os EUA não eram lá um exemplo de inclusão. Duvida: coloque o Tocha Humana, o Capitão América e o Demolidor em suas identidades civis lado a lado. Dependendo do desenhista, é difícil diferenciar cada um...
O que isso influencia no elenco: com cinco filmes já lançados e pensando no Aranha como um herói de bairro e não dos grandes centros de Nova York (mais habitado por pessoas caucasianas), a Marvel resolveu inovar inserindo novos personagens, como Ned e Michelle, e personagens reformulados, como Flash Thompson. E para tanto, a decisão de escalar, respectivamente, atores como Jacob Batalon, Zendaya, e Tony Revolori. O resultado disso foi uma série de reclamações sobre genocídio da raça branca na internet. Coisa que nem compensa colocar hiperlink...
Críticas desnecessárias a parte, a inclusão de Laura Harrier como par romântico foi algo muito bem planejado e interessante para a trama: quantas garotas negras, bonitas e inteligentes vimos nos últimos tempos despertando interesses dos super-heróis?
Quem não teve um crush nessa garota, que atire a primeira pedra
Por último, eu não poderia deixar de comentar a participação curta e cara de Robert Downey Jr. e de Michael Keaton mostrando que ainda tem força expressiva para atuar mesmo com seus atuais 66 anos.
Michael Keaton como Adrian “Abutre” Toomes: o senhor da porra toda
Roteiro: por mais que o filme comece apresentando um erro grave na cronologia da Marvel logo no começo, a exibição da rotina da vida de Peter Parker já nos traz toda a magia que precisamos e que vai embalar o resto do filme. Mesmo com um traje tecnológico e a influência direta do Homem de Ferro e indireta dos Vingadores na trama, o Homem-Aranha é um herói inexperiente, com pés no chão e que combate o crime com muita coragem... e teia.
A influência do Abutre em seu universo é o que eu posso chamar de “rota de colisão”, pois por mais que ele fosse um vilão chamativo em termos de aparência, é fácil notar como ele se manteve escondido desde a invasão em Noya York retratada no primeiro filme dos Vingadores. Logo, um herói procurando mostrar serviço, mais cedo ou mais tarde, ia lidar com o vilão oculto que agia na mesma cidade.
O primeiro confronto entre os dois termina com uma derrota de Peter que só não foi pior por conta de um Deus Ex Machina safado que foi o paraquedas no traje. O segundo culmina em outra derrota de Peter, preso em um caminhão. O terceiro termina com um cargueiro sendo partido ao meio e criação de uma das cenas que mostra o esforço do Aranha em tentar salvar os civis.
Esse é o Aranha que eu conheço... sempre tentando segurar as coisas...
Olhando assim, dá para concluir uma coisa: o Aranha é o herói que mais apanha na Marvel...
Após a cena do cargueiro, temos uma bronca de Tony e a retirada do uniforme de Peter, levando-o a esquecer o lance de ser super-herói e retomar a sua vida normal, chamando Liz para um baile e pegando dicas com sua tia.
No entanto, quando tudo parecia bem... eis que tomamos um susto com a revelação que Liz é filha do Abutre! Vocês podem achar que eu estou brincando, mas ouvi pessoas soltando um “ih!” na sala de cinema...
E como se a situação já não fosse ruim o bastante, Liz dá com a língua nos dentes e faz seu pai somar dois mais dois para descobrir a identidade secreta de seu inimigo.
Infelizmente, tivemos uma grande oportunidade de inserir o tio de Peter na trama: se, durante a festa, ele ligasse para a tia May em conflito sobre o que fazer, ela poderia dizer “o que você acha que seu tio faria?” e poderíamos ter mais influência da família e menos de Tony Stark. Outro erro de um grande filme.
Resolvidos os conflitos, vencendo o duelo com o novo Shocker e a definição de Ned como o “cara da cadeira”, Peter parte para um novo duelo com o Abutre... e perde de novo!
Pelo menos, desta vez, a derrota serviu para ele criar motivações e definir a si mesmo como o Homem-Aranha, capaz de sair dos escombros e continuar tentando impedir os planos de seu inimigo.
Como já disse antes, Peter não sabe lutar de fato. Por isso a cena da batalha final mostra uma ausência de combate e é tudo na base de teias. Outro fator prejudicial é o ato de tal sequência ser com tão pouca luz. Foi algo tão escuro que me senti vendo um filme da DC...
No final, somos apresentados a um Peter Parker que aprendeu com a jornada e se tornou um herói virtuoso (aprendeu, Superman de Henry Cavill?), que fará diferença durante a Guerra Infinita.
Piadas: ficam tanto por conta de Peter, um nerd sem chatice (como naquela cena em que ele surpreende o dono da loja mostrando que sabe falar italiano) e Michelle, a garota que está sempre no fundo soltando os comentários ácidos. Claro que há uma outra tanto por conta da cena em si (como a sugestão de Karen, o sistema operacional do traje, para que Peter beije Liz) quanto por besteiras ditas pelos personagens (vide Ned e sua hilária cena em que mente dizendo que estava acessando pornografia...). Seja como for, ficaram em boas medidas.
Em suma, o Homem-Aranha voltou, de fato, ao seu lar. Um lugar de onde jamais deveria ter saído, onde é bem trabalhado e faz por merecer o contato com outros grandes heróis. Ele pode ser só o garotinho das teias por enquanto. Porém, todos nós sabemos que ele tem potencial para ser um dos maiores Vingadores da geração que está por vir.
E para quem gostou, não deixem de ver o meu artigo sobre por que vale a pena gostar do Homem-Aranha.
Obrigado a todos(as).
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