Por Davi Paiva
ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS!!!
Finalmente, um dos filmes mais esperados dos últimos 10 anos chegou!
Aquele universo que começou timidamente, no primeiro filme do Homem de Ferro, que foi se expandindo a cada cena pós-créditos e culminou na primeira reunião de integrantes em 2012, teve um ápice!
Esse mesmo universo teve caras novas que conquistaram o público, como Doutor Estranho (resenha aqui), Pantera Negra (resenha aqui) e Guardiões da Galáxia (resenha do segundo filme aqui) sem deixar de lado os seus próprios integrantes, que se reencontraram em “A Era de Ultron” em 2015 e, tecnicamente falando, fizeram quase um “Vingadores 2.5” no terceiro filme do Capitão América (resenha aqui).
E aquele vilão que todos viram nas cenas pós-créditos ou sentado em seu trono no primeiro filme dos Guardiões da Galáxia finalmente saiu do lugar e deu início em sua jornada e se consagrou, a meu ver, ao lado de grandes ícones do cinema como Darth Vader, Scar, Hanibal Lecter e Norman Bates.
Thanos: o vilão de mil faces!
Assisti ao filme no bom e velho Center 3 (nem vou pedir ingressos...). Geralmente vejo tudo na sala 1, mas como os ingressos estavam esgotados, tive que ver na sala 4, que é menor. Além disso, vi em uma cadeira mais para a direita da tela (geralmente gosto de ficar centralizado e bem para o fundo). Até pensei em desistir. Porém, se o Capitão América segurou a mão do Thanos, por que eu não podia fazer um sacrifício?
O que achei? Vejamos...
Elenco: já quero começar falando uma coisa importante... o Oscar merece Josh Brolin! E mais para frente, vou abrir um tópico só para puxar saco do ator e dos roteiristas Stephen McFeely, Christopher Markus, bem como os irmãos Anthony e Joe Russo, pelo incrível personagem que entregaram!
Os demais já estavam bem calejados em seus personagens. Um fato que evidencia isso foi o improviso de Tom Holland em sua última cena.
Thanos: antes de falar do roteiro, precisamos falar sobre Thanos.
Loki era um vilão carismático, Ultron era megalomaníaco, Zemo era motivado pela perda da família e o Abutre fazia de tudo pela dele. E Killmonger encarnou perfeitamente a figura do antagonista.
No entanto, nenhum deles conseguiu despertar o medo, o terror e o risco de perda dos nossos super-heróis. E Thanos conseguiu isso não apenas matando asgardianos na primeira cena ou por surrar o Hulk na primeira grande cena de ação, com direito a socos na garganta e rins (golpes que causam muita dor). O grande titã fez tudo isso com ideologia, frieza e calculismo ao ponto de, após obter a segunda Joia do Infinito e ser condecorado como o primeiro portador de duas Joias, passar o resto do filme sem a sua conhecida armadura e conseguir as outras quatro.
E como todo mundo sabe, os vilões se consideram heróis em suas linhas de raciocínio. E Thanos tem a oportunidade de expor o que pensa em um interessante diálogo em Titã: após ver que seu povo iria ser extinto por ter mais bocas do que comida, a sua sugestão de eliminar, de forma indiscriminada, metade da população, não foi aceita. E ao ver que ele estava certo, resolveu levar adiante o seu plano de extermínio de 50% de todos os seres vivos.
Claro que esse plano não é perfeito. Como disse o pessoal do Nerdcast, eliminar aleatoriamente metade da população pode matar pesquisadores da cura do câncer e deixar assassinos vivos. Porém... quem se importa? Faz muito sentido para ele.
Olhando por tal prisma, até que o carinha estava certo...
E ainda há mais dois fatores incríveis que merecem destaque: não Thanos é a prova que a Jornada do Herói pode criar vilões como também ele pode reagir de diferentes formas a cada situação, criando um vilão multifacetado: Hulk? É só ser agressivo. Loki? É só ser frio. Joia da Alma? Chora, mas consegue...
Roteiro e direção: de uma certa forma, ele me lembrou Star Wars VIII por ter vários núcleos em um. E por isso, vou abordar cada grupo separadamente.
• Thor: após os incidentes em sua nave, o deus do trovão entende que não vai conseguir derrotar Thanos com o que tem. E após ser resgatado pelos Guardiões da Galáxia, parte em uma jornada para a criação de uma nova arma, a Rompe Tormentas (ou Stormbreaker, no original. Seja como for, ambos os nomes são muito pomposos).
E não foi fácil criar tal arma. Thor tem que superar um obstáculo de cada vez (o que, para alguns, foi pedante. Para outros, mostrou a força de vontade do personagem) até chegar ao ponto que pôde e contar com uma ajudinha de Groot e, com a árvore falante e Rocket, fazer uma entrada triunfal a qual comentarei mais para frente...
• Doutor Estranho, Homem de Ferro e Homem-Aranha: “aqueles dois são aliens e eles querem roubar uma pedra de um mago”, como diz o próprio Tony a um Peter Parker que havia acabado de chegar ao local do ataque em Nova York. E tal fala mostra como a Marvel já consolidou o seu universo no coração dos fãs. Não é preciso dizer muito para entendermos a situação.
A cena de luta deu espaço para mostrar como Fauce de Ébano, servo de Thanos, é um personagem poderoso ao ponto de capturar o Doutor Estranho (o que é complicado, pois mais para frente, vemos como Strange foi um dos que mais se preparou para eventualidades...). O que, a meu ver, foi uma grande “nerfada” no Mago Supremo. E tirá-lo da Terra foi uma boa jogada para que Wong jogasse a toalha e fosse cuidar dos Sanctums, que são as prioridades dos usuários de magia.
Meu malvado favorito!
Feito isso, temos toda a construção de motivação do Homem-Aranha para não desistir de participar da missão (“se o mundo acabar, não terei mais vizinhança para proteger” é outra fala inacreditavelmente boa) e ainda e sorte do Tony que o Peter estava lá, pois foi o garoto cinéfilo que deu a ideia para derrotar Fauce.
Algumas pessoas reclamaram que Tony, Stephen e Peter deviam ter voltado à Terra ou revertido o tempo antes de tudo acontecer. O que ninguém levou em consideração é que Tony e Stephen são dois arrogantes e Peter é só um garoto. Logo, era mais fácil para eles acreditarem que seriam capazes de derrotar Thanos (alguém que nunca viram como age) a terem humildade e recuarem.
Por último, vale notar como Mark Ruffalo ganhou espaço para atuar, agora que o Hulk está com receio (será?) de aparecer.
Volto a falar dos três na parte de Titã.
• Wanda, Visão, Capitão e tudo antes da Batalha de Wakanda: vi algumas reclamações de como Corvus Glaive e Próxima Meia-Noite, os aliados de Thanos, conseguiram quase acuar o casal mais poderoso do MCU até agora. O que esse pessoal não deve ter entendido é que quando um personagem ataca de forma sorrateira e de forma crítica com a arma certa pelas costas de um oponente, não só causa dano como deixa a sua parceira extremamente abalada...
E no momento em que os dois mais precisavam, o Capitão América aparece com seus amigos e salva o casal. Claro que podem falar que isso foi uma entrada muito conveniente... mas o que vocês esperavam de um filme de super-heróis?
Que homão da p****!!! (#hétero)
A seguir, temos o encontro do grupo com Rhodes e vemos como todo mundo não liga para o Tratado de Sokovia (e ainda ignoram o general Ross), antes da chegada em Wakanda e os preparativos para a grande batalha...
“Você fez o seu melhor”, diz Shuri a Bruce Banner e mostrando quem é a pessoa mais inteligente do universo cinematográfico...
• Guardiões da Galáxia: após uma entrada ao som de “The Rubberband Man”, o grupo se destaca pela química divertidíssima com Thor, entre eles mesmos (finalmente temos o casal Gamora e Peter Quill!) e falas do Drax ora exaltando Thor, ora se achando invisível.
A jornada dos Guardiões leva o time a passar por várias situações: Rocket e Groot ajudam Thor a criar a Rompe Tormentas de uma forma tensa (Thor todo arrebentado, Rocket incapaz de sair da nave... e eis que o rebelde Groot deixa de lado e sacrifica um braço para criar a poderosíssima arma!), Peter vê Gamora ser sequestrada... e ela é obrigada a salvar a irmã revelando o local onde estava guardada a Joia da Alma, sendo sacrificada por Thanos para que tal artefato fosse obtido.
Confesso que tal cena me surpreendeu em vários aspectos: tanto pela aparição do Caveira Vermelha quanto pelo desenrolar dos fatos. Gamora se achando superior por crer que Thanos não podia amar alguém... Thanos ciente do que precisava fazer para conseguir a Joia (e se sentindo mal por isso), o sacrifício... a perda de uma personagem que nos é tão querida...
Feito isso, vamos aos encontros de núcleos.
• Guardiões + Doutor Estranho, Homem de Ferro e Homem-Aranha: muitos reclamam que super-heróis sempre precisam lutar em um primeiro encontro, mas este, a meu ver, foi o conflito mais explicado que já vi. Para os Guardiões, o trio era servo do Thanos por estar em uma nave dele. E para o trio, o grupo de Peter também era servo do Thanos por estarem em Titã.
E após o conflito ser solucionado da forma mais hilária possível (“a quem você serve?”, perguntou Tony. “Quem devo responder? Jesus?”, respondeu Peter Quill), temos a formação de um grupo pronto para enfrentar Thanos que, de acordo com o Doutor Estranho, só tinha UMA CHANCE de vencer...
• Batalha de Wakanda: chupa, Batalha de Hogwarts!
A união das tribos de Wakanda com parte do time dos Vingadores deveria criar um cenário totalmente favorável aos super-heróis. No entanto, Thanos surpreendeu mais uma vez com um exército enorme de aliens bersekers, obrigando todos a lutarem até onde podiam. A entrada da Feiticeira Escarlate para o combate foi boa. Mas a do Thor foi triunfal (sim! Esse filme bateu o recorde de entradas triunfais!).
Que homão da p****!!! (#hétero, parte 2)
Tudo ia relativamente bem até a chegada de Thanos, que havia acabado de voltar de Titã...
• Titã: uma excelente e elaborada batalha. Não só pela questão de entendermos o passado de Thanos através de um diálogo natural e convincente como também pela parceria que alguns heróis tiveram.
Muitos já começaram a reclamar que Peter Quill estragou tudo, porém, estes mesmos críticos ignoram o fato que o Doutor Estranho viu mais de 14 milhões de futuros possíveis. E dentre eles, com certeza tinha um Senhor das Estrelas informado pela morte da Gamora no começo da luta (e que entraria abalado), um que não podia perguntar sobre a morte talvez desistiria de lutar com o restante do grupo para confirmar o assassinato ou qualquer outro fator. Seja como for, por pior que fosse a ação dele, eu a achei totalmente coerente com o personagem que teve de lidar com a perda da mãe no primeiro filme, a perda do pai no segundo e a morte da namorada nesta produção.
Depois de o plano ir por água abaixo, foi a vez dos talentos individuais serem explorados. E tanto a tensão pelo combate Thanos x Homem de Ferro quanto o esplendor da luta Thanos x Doutor Estranho trouxeram grandes emoções ao público.
Infelizmente, em nome de um bem maior (será?), Strange teve de entregar a Joia do Tempo ao vilão e ele foi para Wakanda buscar a última...
• Chegada de Thanos em Wakanda: lembra quando você era criança e derramava molho de tomate no sofá? Lembra daquela sensação de “agora lascou”?
Pois é. É isso que sentimos com a chegada de Thanos.
Por mais que o Capitão América tenha mostrado a sua força de vontade contendo o vilão, por mais que a Feiticeira Escarlate tenha conseguido destruir uma Joia enquanto atrasava o inevitável e por mais que um por um dos super-heróis tivesse tentado, nada deu certo. No fim, Thanos traz Visão de volta e sofremos duas vezes pela destruição do mesmo personagem para, no fim, ele se consagrar como detentor de todas as Joias.
Você pode alegar que esta cena não rendeu nada. Porém, não pode negar que ela evidência que Steve nunca deixou de ser aquele garoto que lutava em becos para as pessoas poderem assistir a filmes no cinema em paz. E tudo por quê? Porque ele tem coragem!
Ainda tivemos esperança com Thor e seu incrível ataque capaz de avançar em meio à rajada de energia. Contudo, por uma questão de ponto vital... os Vingadores perderam!
Mortes: começaram aos poucos, mas foram impactando conforme chegaram aos personagens coadjuvantes carismáticos como o Falcão e Bucky. E foi um soco no estômago quando chegaram ao Pantera Negra e Homem-Aranha.
Final: estou feliz e puto!
No fim, Thanos conseguiu o que queria e pode ver o sol se por. Rocket é o único Guardião vivo, a formação principal dos Vingadores está com Tony em outro planeta abalado pelas mortes e o Hulk com medo de lutar, Visão em um estado lastimável, Wakanda está sem um rei e até a SHIELD perdeu seu líder e sua principal aliada...
E já falando sobre a cena pós-créditos, só temos certeza de uma coisa: a batalha não acabou!
Piadas: muito bem dosadas. Ora ocorriam porque os personagens tentavam ser engraçados (como a do Jesus, que eu já disse acima), ora ocorriam porque a situação era inocente (como o Capitão América conhecendo Groot). Não eram forçadas como alguns reclamaram do filme do Doutor Estranho e nem eram constantes como alguns alegam ter visto no último filme do Thor.
Efeitos especiais: se por um lado eram muito bons na criação do Thanos ou nas magias do Doutor Estranho, por outro eram péssimos em retratar Bruce Banner dentro da Hulkbuster. Sorte que eram cenas curtas e não estragaram a magia do filme.
Enfim, esse é o filme que todos precisavam ver: a Marvel mostrou que tem coragem de matar personagens importantes (claro que alguns podem voltar por questões contratuais. No entanto, não creio que Heimdall ou Loki reapareçam), conseguiu criar um Thanos que entrou para o hall da fama de grandes vilões do cinema e deixou todo mundo com um gostinho de “quero mais”.
Na data em que escrevo este artigo, o filme tem 84% de aprovação no Rotten Tomatoes e US$ 1,25 bilhões arrecadados, com tendência a conseguir ainda mais.
Eu pensei que era um ótimo filme! Acertadamente Thanos (Josh Brolin, do óptimo Filme Homens De Coragem ) é a grande estrela desse filme, tanto que é alardeado de que ele que retornará, não os Vingadores. Ao lado de Killmonger, que sem dúvidas ele é o melhor vilão da Marvel. Thanos é extremamente bem construído e muito bem feito em CGI, suas motivações fazem sentido e trazem um inesperável carisma e humanidade ao vilão. Acreditamos que o que ele faz não é bom, mas é necessário para ELE e entendemos o porquê. Claro que não significa que ficaremos ao lado dele. Não. Ele é um porco genocida e egocêntrico que sai pelo Universo exterminando metade da população dos planetas sendo uma espécie de Deus em uma missão digna, mas é uma ideia de equilíbrio que, de uma maneira ou outra (descontada a sede pelo poder), acaba se tornando compreensível ao conseguirmos identificar perfeitamente a sua motivação traçando um paralelo com o mundo real. Principalmente se formos comparar com os dois filmes que serviram de prelúdio a este, Thor: Ragnarok e Pantera Negra, que introduziram certas ideias de moral torta.
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